2 de jun. de 2009

de volta à prancheta


Em 16 de março, fiz o seguinte comentário no blog do MDC, a respeito da proposta de Niemeyer para uma grande praça cívica em Brasília, proposta esta que era defendida, naquela revista, por Cláudio Queiroz:
Um texto extenso quanto o de Claudio Queiroz, mereceria uma resposta mais detalhada, para a refutação adequada da sua argumentação. Por hora vou me limitar a uma desconfiança em relação ao projeto. Oscar, que sempre apresentou seus estudos com croquis e textos manuscritos, recorre agora ao desenho digital, envolvendo em mistério a sua concepção que sempre foi cristalina. Para um arquiteto como ele, que chama de arquitetura não só o edifício mas inclui o espaço que o contém, é surpreendente a relação proposta entre o obelisco e o pavilhão, embrulhados num espaço insuficiente para os dois volumes.
Fico pensando: o mestre perdeu a mão ou a mão já não é a do mestre?


Vendo agora a sua nova proposta, digo a ele com a tranqüilidade de quem sempre o defendeu e o mesmo respeito e sinceridade com que me dirijo aos meus alunos:
“-- Melhorou, Oscar... mas ainda não está bom. Que tal repensar o programa e substituir esses blocos do memorial de sanguessugas, por um bosque de araucárias?


2 comentários:

Unknown disse...

Oi Sérgio,
e quanto à questão da área ser tombada como Patrimônio da Humanidade?
Mesmo sendo uma alteração feita pelo próprio autor do projeto será que não descaracteriza a idéia inicial, uma grande esplanada - a qual gerações de arquitetos tem estudado e aprendido nas universidades, e se tornou um ícone da arquitetura mundial?
Nós arquitetos temos a prerrogativa de alterar um conceito que nós mesmos estabelecemos anteriormente?
Acho que um exemplo desta situação (guardadas as devidas proporções), é a pirâmide do Louvre (I.M. Pei), que na época foi alvo de discussões acirradas sobre estas intervenções drásticas, mas que com o tempo foi absorvida e hoje não se imagina o pátio do Louvre sem ela né...
Mas é como vc disse: melhorou, mas podia melhorar mais.
Abçs.
Ricardo

sergio disse...

Vc está duplamente certo, Ricardo: lembrar o tombamento torna a questão ainda mais complexa, pq envolve uma área nonde as melhores soluções são únicas, de difícil adaptação, como no caso do Louvre.
Mas me incomoda um arquiteto centenário ficar dando "scale" num projeto...