9 de ago. de 2009

pensar fazer pensar

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Martin Puryear é um escultor americano, nascido em 1941, o que o coloca, temporalmente falando, no centro do abstracionismo. Seu caminho, entretanto, é diferente do modernismo que dominou a cena na maior parte do século XX.

A aproximação do seu trabalho com a arquitetura se dá pela resolução estrutural, que é ao mesmo tempo causa e efeito dos objetos que ele cria: a técnica viabiliza e é protagonista da forma. Filosoficamente, Puryear dá ênfase à execução, ao fazer, e não pretende que a arte seja apenas um manifesto. Traduzido para o universo da arquitetura, isso coloca em questão idéias correntes em importantes círculos acadêmicos, que vêem a arquitetura como a consolidação linear de uma idéia, ou conceito.

Texto de abertura da exposição no MOMA/NY:
"Eu valorizo a qualidade referencial da arte, o fato de que uma obra possa aludir a coisas ou modos de ser sem representá-los. As idéias que dão sustentação a uma obra podem ser um tanto difusas, então eu descreveria o meu processo de trabalho como um tipo de destilação _ tentativa de trazer coerência a coisas que podem ser contraditórias. Mas coerência não é o mesmo que resolução. A arte mais interessante para mim, retém uma qualidade tremeluzente, na qual idéias opostas podem ser mantidas numa coexistência tensa."
Martin Puryear, 2007
http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2007/martinpuryear/

Trecho da entrevista à ART:21
ART:21: Your work is often talked about as coming out of the history of abstraction. Can you talk about your connection to that history?

"Penso que o modo como trabalho é provavelmente fora dos passos que muitos artistas estão dando em 2003, que é contar histórias ou transportar tipos específicos de informação, seja ela sociológica, psicológica ou sexual. Um trabalho que é realmente um veículo para transportar determinados tipos de informação. Eu venho de uma geração na qual o trabalho era, ele mesmo, a informação e então permanece essa crença de que o trabalho em si mesmo deve ter uma identidade que possa esperançosamente falar. Seja por meio da beleza ou por meio da feiura, ou de qualquer qualidade que você coloque nele. É sobre isto que a obra é.
A obra não precisa ser um veículo transparente para que se diga coisas sobre a vida de hoje, ou sobre as coisas que as pessoas estão fazendo uma às outras ou coisas assim. Não que elas nunca estejam nela, porque uma obra pode conter muitas coisas, mas o meu veículo é tipicamente fazer obras que sejam sobre a realização dela mesma e que entram na sua feitura como objeto. E há uma história na feitura dos objetos. Existe uma narrativa na fabricação das coisas que, para mim, é fascinante.. Não tão fascinante, talvez, quanto a forma final ou o próprio objeto final, mas penso que trabalhando cumulativamente há uma construção na história, no fazer as coisas, na qual eu posso estar interessado."






































































2 comentários:

Unknown disse...

Adoreii o artigo Sergio!!
É fascinante entender a maneira como um artista explica sua obra e o que é mais fascinante ainda, é o jeito que ele fala do trabalho no processo de criação e sua pretenção do que deve ser o resultado final.

:)
(...Mas coerência não é o mesmo que resolução...)
gostei da frase

sergio disse...

Vc foi no ponto exato, Natália!