14 de mai. de 2009

o urbanismo dos não arquitetos

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Trecho de matéria com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha no caderno MAIS (19/04) da Folha de SP.

"De maneira geral, todos os chamados planos habitacionais são erráticos porque não amparam a questão essencial da moradia, que é o endereço. Habitação tem de ser junto do transporte público, nas áreas onde o acesso ao trabalho é fácil. A grande cidade é feita de milhões de casas, que têm de saber conviver com o comércio, com acesso à saúde, à educação, ao transporte público. Portanto, é um problema muito mais complexo do que simplesmente fazer um determinado número de casas. Eu não sei como é que se faz para educar os filhos na adolescência em condomínios fechados. Estão produzindo monstrengos."

A declaração do Paulo Mendes faz lembrar o que os Arquitetos já sabem há muito tempo: os nossos modelos de construção da cidade são especulativos e refletem apenas o momento presente, sem apontar para um futuro melhor, qualquer que seja a parcela da população considerada. Ou seja, a rigor, são ações que não podem ser enquadradas na categoria de projeto, nem podem ser consideradas como planejamento.
Infelizmente, foram os próprios arquitetos que se retiraram da discussão e da participação na formação de um conhecimento sobre a cidade e sobre a sociedade urbana, assentado nas realidades brasileiras e no conhecimento e tradição da sua profissão.
O urbanismo é hoje uma ciência que pouco agrega da visão do arquiteto acerca da organização e da forma dos assentamentos. São mais importantes as posições dos juristas, dos sociólogos, dos economistas, do Corpo de Bombeiros e dos corretores de imóveis. É claro, não faltam os militantes, que usam o tema para pregar a sua ideologia.

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